foto: Saxon Holt
Em 1963, uma incorporadora chamada Oceanic Properties lançou um loteamento localizado na borda litorânea do noroeste da Califórnia, o local ficava distante 160km da cidade de San Francisco. Recebeu o nome de Sea Ranch devido às características pretendidas pelos seus idealizadores: intervenções mínimas no terreno com um aspecto de integração à natureza. O desenho do loteamento ficou a cargo do paisagista Lawrence Halprin que desenvolveu um plano geral de grande sensibilidade; as vias de circulação foram planejadas evitando cortes radicais de terreno, percorrem um desenho sinuoso em alamedas de ciprestes formando corredores verdes até desaguarem em vistas desimpedidas em direção ao Oceano Pacífico. Os lotes ocupam os extremos das bordas oceânicas, formam um campo aberto intercalado por paredes de árvores entre as suas divisas.
foto: tsra.org
O Condomínio Um foi o pioneiro das edificações nesse local, inicialmente seria uma opção de residência de férias ou lazer, concebido a partir de um vocabulário de elementos arquitetônicos que se alternavam formando diversas estruturas assemelhadas, agrupadas em um conjunto harmônico de acabamento simples, integrado à paisagem, lembrando uma composição de edifícios rurais. O projeto foi idealizado pelos arquitetos Charles Moore, Donlyn Lyndon, William Turnbull e Richard Whitaker que observaram a existência de grandes desníveis entre as áreas de acesso ao lote e os limites ao mar, perceberam a ocorrência de rajadas de ventos provindas do noroeste e a evidente necessidade de valorização da paisagem.
O projeto aproveita as áreas menos acidentadas do terreno e as ocupa com garagens e circulações de embarque e desembarque, a partir desse ponto as circulações seguem percursos distintos em direção às unidades habitacionais distribuídas em pontos sequencialmente mais baixos de maneira que as unidades locadas nas áreas anteriores tenham as vistas preservadas. O desenho segue uma lógica simples e de grande dedicação à medida que procura aplicar características únicas a cada habitação. O conjunto estabelece uma área interna de convívio com um deck central protegido das fortes ventanias, aqui o potencial paisagístico é enorme, a presença do oceano emoldurado pela disposição dos apartamentos mais abaixo reproduz uma sensação de marcação espacial, natureza adiante.
A solução estrutural foi desenvolvida dentro dos princípios da tecnologia Wood Frame, com uma trama de 6 pilares principais sobre uma base de concreto e distribuídos no perímetro de cada acomodação, vigas e contraventamentos unem os pilares dando rigidez ao modelo, o resultado é uma malha tridimensional de madeira que serve como ancoragem para o sistema de vedações.
foto: Eric Staten
O aspecto externo é resultado das vedações em tábuas de madeira sem trato ou lixamento, dispostas em sentido vertical. Janelões de vidro e claraboias nos tetos fornecem iluminação natural para as acomodações.
As mesmas vedações em tábuas estão presentes nos interiores, porém agora com acabamento polido, esses ambientes têm volumetria rica e são compostos por quadrados de altura generosa, com áreas de convívio na parte térrea sobrepostas por volumes que abrigam os locais de repouso. As intervenções externas na paisagem ficaram limitadas às paredes da edificação, para além disso apenas cercas vivas de ciprestes foram plantadas nas divisas do lote como atenuadores dos fortes ventos da região.