Localizada na borda oceânica da região metropolitana de Los Angeles conhecida pelo nome de Pacific Palisades, foi projetada pelo arquiteto Raymond Kappe como sua própria residência e atelier. A casa possui 370m2 e foi construída entre os anos de 1965 e 67 utilizando concreto, aço, madeira e vidro.
Percebe-se no modelo tridimensional a irregularidade do terreno e uma considerável diferença de nível, são aproximadamente 12 metros morro acima desde a parte frontal do lote até a posterior no ponto mais alto. Nota-se também a presença de seis torres verticais que funcionam como fundações aéreas livrando o terreno de movimentações de solo ou execução de subsolo.
As garagens foram locadas no nível da rua, sobre elas um generoso mirante em balanço fornece abrigo aos veículos e serve como área de sacada para o escritório do arquiteto. O programa residencial está locado acima desse conjunto inicial, a transição entre os espaços públicos e privados é percebida gradualmente à medida que são vencidas as lajes de piso em direção ao alto.
O acesso visual de alguns setores do programa residencial é franqueado ao escritório, as áreas de copa e cozinha funcionam como pano fundo dessa paisagem. A imagem acima ilustra o casal Kappe posando para uma foto, estão posicionados no ambiente intermediário entre os setores opostos dos ambientes de uso público e privado, ao fundo é possível perceber os ambientes de trabalho sob a laje sacada.
Na ilustração acima percebe-se uma sequência de patamares sobrepostos funcionando como espinha dorsal do programa. A luz natural filtrada pelas copas das árvores preenche esse espaço, penetra pelas frestas, esquadrias envidraçadas, pergolados e aberturas zenitais criando uma sinfonia interessante de contrastes de luz e sombra ao longo de todo o ano.
O pavimento superior divide-se em dois setores opostos: copa e cozinha à direita e área íntima à esquerda. O desenho acima ilustra a configuração da planta baixa do pavimento superior e uma sequência de cortes da edificação, transversal e longitudinal. Percebe-se a hierarquia dos espaços através da sequência ascendente das lajes de piso (Corte A), a organização do programa da casa expondo a conformação diferenciada dos dormitórios (Planta Baixa) e o comportamento do acesso público, garagens e escritório subordinados à presença do programa residencial piso acima (Corte B).
A copa e a cozinha ocupam uma posição de destaque na composição, ficam na parte mais elevada do lote e a partir delas é possível ter acesso visual a todo o conjunto, grandes painéis de vidro proporcionam abertura total para o jardim. No nível imediatamente abaixo desses espaços está localizada uma área de convívio de caráter mais formal com lareira, conjunto de sofás e mesa voltados para um varandão que se abre para a parte posterior do lote, a imagem abaixo ilustra essa configuração, podemos perceber a presença de um passadiço elevado articulando os acessos ao fundo do lote com a fachada dos dormitórios como pano de fundo. A integração com a natureza é encantadora.
A configuração dos dormitórios faz referência à arquitetura tradicional japonesa, trata-se de um salão subdividido em celas justapostas com possibilidade de reconfiguração, janelões sacados envidraçados evidenciam o uso modular desse espaço, formam pequenas varandas fornecendo iluminação e ventilação aos ambientes.
A casa é um híbrido de técnicas e influências, seu autor atribui grande parte delas ao vernacular, pondera sobre o partido utilizado como um conjunto único e totalmente integrado ao terreno. De fato a casa parece pertencer ao local, o aspecto conferido pelos jardins é admirável, todo o projeto é banhado em verde passando uma sensação agradável de conforto, acolhimento. A visão da rua é atual, retirada do Google Street View, ilustra com clareza a intenção bem sucedida do arquiteto de integração entre ambiente natural e edificado.